terça-feira, 10 de março de 2009

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"E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente.Apenas nos iludimos,julgando ser donos das coisas,dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.Nao perdi nada, apenas a ilusão de que tudo podia ser meu para sempre" ( "Não te deixarei morrer David Crockett" - Miguel Sousa Tavares)


Eu mostrei-lhe as palavras e ele discordou do autor. Demos por iniciada uma saudável discussão em que ele defendia a sua teoria, na qual assumia a partida dos outros. A vida era encarada como uma linha recta onde as companhias iam mudando ao sabor da sina, da vontade e da necessidade. As pessoas iam deixando saudades que nós, através de um processo de comodismo/conformismo/habituação saberíamos, a pouco e pouco, transformar em esquecimento e vazio.
Eu discordei na altura e mantenho intacta a minha opinião porque, talvez por ser saudosista, me recuso a encarar a questão como sendo meramente física. Todos os que por mim passaram deixaram a sua marca, o seu conhecimento, a sua experiência, o nosso riso e o nosso choro, os nossos momentos. E é isso que fica e que se leva.
Pessoas que partiram sem querer, pessoas que se afastaram por vontade própria, pessoas das quais eu me quis afastar....todas elas ajudaram a construir o meu "Eu". De todas elas relembro tudo e sem dúvida faltando uma apenas ou estando alguma a mais já tudo seria diferente. Trata-se de um processo de simbiose, um crescimento mútuo, um acordo de cavalheiros baseado no dar e receber.
Aprendemos a viver com e sem os outros, nunca em total autonomia e nunca em total companhia. Aprendemos a filtrar o que queremos para nós. Aprendemos a aprender. Aprendemos sobretudo, a nunca deixar ninguém para trás.

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